A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) adquiriu nesta quinta-feira, dia 6, a quantidade de 263,3 mil toneladas de arroz importados por meio de um leilão. A intenção do governo era comprar 300 mil toneladas do alimento.
O Governo Federal afirma que o preço do arroz aumentou 40% por conta das enchentes no Rio Grande do Sul. O estado é responsável por 70% da produção nacional do grão. O leilão, ainda de acordo com o governo, foi usado como estratégia para reduzir o valor do produto.
A medida é criticada por entidades que representam os produtores de arroz. Na avaliação do Sindicato das Indústrias de Arroz de Santa Catarina (SindArroz-SC), a importação do grão gerará prejuízos irreparáveis para as indústrias nacionais. Um dos receios do setor, é que o leilão resulte em ainda mais desvalorização do produto nacional, desestimulando produtores a continuarem cultivando o grão, gerando recessão nas empresas brasileiras que o beneficiam e demissões em massa. “As quatro empresas que entraram no leilão não comercializam arroz normalmente, o que nos gera suspeitas de uma grande possibilidade de direcionamento. Além disso, com a entrada no mercado nacional desses mais de 8,7 milhões de fardos de arroz importados, temos a certeza de que muitas indústrias brasileiras provavelmente precisarão paralisar suas atividades e demitir colaboradores, sem contar que os próprios produtores de arroz estão desestimulados a continuar plantando”, avaliou o presidente do SindArroz-SC, Walmir Rampinelli.
O Governo Federal anunciou que o arroz adquirido terá uma embalagem específica e o quilo será vendido a R$ 4 ou R$ 20 o pacote de cinco quilos. Os grãos serão destinados para pequenos e grandes mercados. “O único objetivo do leilão é garantir um acesso fácil e mais barato para a população a um alimento que é a base da alimentação do dia a dia das famílias do país”, explicou o presidente da Conab, Edegar Pretto, em entrevista para a Agência Brasil.
Ele também rebateu a informação de que a importação prejudicaria o mercado nacional, falando que a decisão do leilão não foi uma “afronta” aos produtores. “O governo não está fazendo essa importação por um bel-prazer, é por uma necessidade de proteger, neste momento, o elo mais fraco dessa relação, que são os consumidores”, afirmou.
Já o presidente do SindArroz-SC diz ver com preocupação a decisão do governo em “não valorizar o produto nacional”. “É inadmissível importar o arroz já beneficiado e empacotado para distribuir no país, com tantas indústrias daqui paradas e tendo que demitir funcionários. De forma geral, vai ser uma tragédia agrícola para o setor do arroz, principalmente porque a produção nacional seria mais do que suficiente para abastecer a população. O governo usou de uma infantilidade para destruir o agro brasileiro mais uma vez”, disse Rampinelli.
O leilão chegou a ser barrado pela Justiça Federal em Porto Alegre. O presidente do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), Fernando Quadros da Silva, entretanto, acatou pedido da Advocacia-Geral da União (AGU) e liberou a realização do pregão.
Ainda há possibilidade de importação de mais 700 mil toneladas, uma vez que a Medida Provisória nº 1.217/2024, publicada pelo Governo Federal, autorizou a Conab a importar até um milhão de toneladas de arroz em 2024.
Fonte: Engeplus