Nesta quarta-feira (12), pela manhã, a equipe do Instituto Australis, instituição executora do Trecho 2 do PMP-BS Área SC/PR, foi acionada sobre a ocorrência do encalhe de uma baleia-franca, já morta, na praia da Barra, em Garopaba (SC). O ‘Protocolo de Encalhes da Área de Proteção Ambiental (APA) da Baleia Franca/ICMBio’ também foi acionado para verificar a ocorrência.
De acordo com Karina Groch, diretora do Instituto, trata-se de um filhote do sexo masculino, e é o primeiro registro de encalhe nesta recém-iniciada temporada. Segundo ela, “ele encalhou já morto, em avançado estágio de decomposição”. A causa será investigada pela equipe da UDESC, responsável pelo trecho 1 do Projeto de Monitoramento de Praias/PMP-BS. “Ainda estamos no começo da temporada reprodutiva da espécie no litoral catarinense. E é importante avaliar a causa da morte desta baleia”, completa.
Uma das linhas de pesquisa do projeto ProFRANCA, que conta com patrocínio Petrobras, é levantar informações sobre os possíveis locais onde as baleias-francas que vem para o Brasil se alimentam. De acordo com Thaise Albernaz, bióloga do ProFRANCA e coordenadora da linha temática de Ecologia Trófica, este evento pode ter relação com a condição nutricional das baleias que chegam em nosso litoral para ter filhotes. Nossos estudos apontam uma possível alteração no investimento do aleitamento materno das baleias francas relacionado a falta de alimento, o que pode diminuir as chances de sobrevivência dos filhotes.
A primeira avistagem de baleia-franca nesta temporada ocorreu ainda em junho, um pouco mais cedo que o período normal, e o primeiro filhote foi avistado no dia 27 de junho, em Laguna. A prefeitura de Garopaba por meio da Secretaria de Agricultura e Pesca, irá realizar a remoção do animal.
Em casos de encalhes de animais mortos, essencial reportar aos órgãos competentes o local e outras informações possíveis, sempre úteis aos responsáveis. Também não é recomendável, em nenhuma hipótese, se aproximar do animal, sob risco de contaminação biológica.
Se o mamífero estiver vivo, além das informações sobre local e demais detalhes reconhecidos aos órgãos competentes, não se deve tentar devolver o animal ao mar, principalmente porque, ao se aproximar das caudas de baleias e golfinhos em situação vulnerável, é possível que se torem ariscos e que causem ferimentos, além de colocar a vida do mesmo em risco. A obtenção de fotografias também pode ajudar a identificação da espécie e documentação do caso. Também é essencial não respirar o ar expirado pelos animais.
O Protocolo de Encalhes da APA da Baleia Franca é um programa desenvolvido pela equipe desta Unidade de Conservação Federal para prestar assistência aos mamíferos marinhos encalhados na unidade, estabelecendo assim diretrizes entre as instituições executoras deste plano para o desenvolvimento de ações coordenadas para o atendimento destes casos.
Atualmente são membros da coordenação do Protocolo de Encalhes e Enredamentos de Mamíferos Marinhos da APABF as seguintes instituições: ICMBio/APABF, Instituto Australis/ProFRANCA, Associação R3 Animal, Universidade do Estado de Santa Catarina/UDESC/CERES, Museu de Zoologia Professora Morgana Cirimbelli Gaidzinski, da UNESC, Corpo de Bombeiros, Capitania dos Portos, Polícia Federal/Núcleo Especial de Polícia Marítima/NEPOM e Polícia Militar Ambiental.
As instituições de pesquisa e conservação que atuam no Protocolo são integrantes da Rede de Encalhes de Mamíferos Aquáticos do Brasil (REMAB), criada pelo ICMBio em 2011 para melhorar o monitoramento e atendimento a encalhes e capturas de mamíferos aquáticos.
Fonte: Notisul