O prefeito de Criciúma, Vagner Espindola, compartilhou sua experiência ao viver, por um dia, como uma pessoa em situação de rua. O episódio, realizado em 10 de julho, teve como objetivo testar a eficácia das políticas públicas voltadas a essa população e aprofundar o entendimento sobre os desafios enfrentados por quem vive nas ruas da cidade. “Desde que assumi o governo, tenho falado sobre a importância de nos colocarmos no lugar do outro, de sentir o que a outra pessoa sente para, assim, desenvolvermos políticas públicas mais sensíveis e eficazes. E nada melhor do que vivenciar essa realidade pessoalmente”, afirmou Espindola em entrevista ao jornalista João Paulo Messer, da Rádio Eldorado. Para ele, o primeiro passo foi compreender se as políticas que estão sendo implementadas em Criciúma estão, de fato, atendendo a essa população de forma eficiente.
Durante sua vivência, Espindola percorreu o centro da cidade, as praças do Congresso e Nereu Ramos, e teve contato direto com a solidariedade dos criciumenses. “Enquanto estava em uma lanchonete, um menino me trouxe um copo de café, um senhor me deu um pão. Em menos de 15 minutos, consegui R$ 5,75 apenas pedindo nas sinaleiras”, relatou o prefeito.
No entanto, ele também observou que muitas dessas doações acabam sendo direcionadas ao tráfico de drogas, um problema que ele destaca como um dos maiores desafios na luta contra a situação de rua. “Não é 100% das pessoas nas ruas que estão lá devido às drogas, mas eu afirmo com certeza que é 100% das pessoas que não saem das ruas por conta das drogas. Elas acabam caindo nesse mundo alimentado pelo crime e pelo tráfico”, afirmou.
Espindola também teve uma interação com a equipe da assistência social, que tentou encaminhá-lo para a República (antiga Casa de Passagem) no bairro Pinheirinho. Contudo, ele foi reconhecido antes de revelar sua identidade.
O prefeito já planeja mudanças significativas na abordagem local, como a implementação de políticas de internação involuntária para aqueles que não têm mais condições de gerir a própria vida. “Muitos desses indivíduos já não sabem mais o que é bom para eles, e precisamos de protocolos mais rigorosos para garantir que eles recebam o tratamento necessário”, declarou.
Para garantir a efetividade dessas medidas, ele buscará o apoio do Estado e da União, ressaltando que os recursos destinados aos municípios para tratar da questão das pessoas em situação de rua são insuficientes. “Esse ano, Criciúma gastará quase R$ 3 milhões com clínicas de recuperação. Embora esses programas sejam eficazes, o orçamento é escasso. Precisamos que os governos estadual e federal também se envolvam, senão, essa conta ficará para os municípios”, frisou.
Em Criciúma, a cidade já oferece uma série de serviços de apoio, como o Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua (Centro Pop), a República e as clínicas de desintoxicação. Apesar disso, Espindola enfatiza que sem um combate mais eficiente ao tráfico de drogas e políticas mais integradas entre os níveis federal, estadual e municipal, a solução para a questão continuará sendo parcial. “Se não combatemos de forma mais eficiente o tráfico e a criminalidade, vamos continuar enxugando gelo. Precisamos de políticas públicas mais integradas, que se complementem e tragam resultados concretos. A cidade tem feito muito, mas não conseguimos resolver esse problema sozinhos. A ajuda do Estado e da União é fundamental para que as políticas públicas sejam mais efetivas e abrangentes”, finalizou.
Fonte: Engeplus