Mais de cem pessoas participaram, no último domingo, 26 de janeiro, da visita guiada “Araçá e Suas Vozes”, realizada no Cemitério do Araçá, em São Paulo. A iniciativa da historiadora Viviane Comunale e do pesquisador Thiago de Souza, idealizador do projeto “O que te assombra?”, homenageou personalidades brasileiras e resgatou memórias marcantes.
Entre os homenageados, Eunice Paiva, advogada e defensora dos direitos humanos, teve sua trajetória destacada. Viúva de Rubens Paiva, desaparecido durante a ditadura militar, ela tornou-se símbolo de resistência e luta por justiça.
Sua história, retratada no filme “Ainda Estou Aqui”, indicado ao Oscar, reafirma a importância de preservar a memória em tempos de debates sobre democracia e direitos humanos.
“Eunice se transformou em um monumento à memória do país, pela busca pela verdade sobre o desaparecimento do marido e pela defesa dos direitos humanos e da democracia”, afirmou Thiago de Souza.
O pesquisador descobriu a presença de Eunice no Araçá após uma postagem da atriz Fernanda Torres no Instagram. “Fico chateado por não saber disso antes, mas o timing é perfeito, especialmente agora, quando discutimos democracia e memória”, comentou.
Rituais de luto e preservação da história de Eunice Paiva
Durante o passeio, Thiago destacou a importância dos rituais de despedida como um processo essencial para a cura e a resistência. “Os processos de luto são essenciais, e cada pessoa precisa de seu tempo para vivenciá-los”, explicou o pesquisador.
Eunice Paiva só conseguiu a certidão de óbito de Rubens em 1996, 25 anos após o desaparecimento do marido.
Além de homenagens a Eunice, a visita guiada apresentou túmulos icônicos, como o do “Menino Guga”, conhecido como milagreiro, e o mausoléu do Sargento Barbosa, em processo de canonização. Obras de artistas como Victor Brecheret e sepulturas de figuras célebres, como Cacilda Becker, Dener e Assis Chateaubriand, também fizeram parte do percurso.
Fonte: OFuxico