A estreia de “Três Graças”, na noite de segunda-feira, 20 de outubro, provou que o horário nobre da TV Globo pode voltar a brilhar com qualidade e consistência. De acordo com a recepção imediata, o público reagiu com entusiasmo.
A trama que marca a volta de Aguinaldo Silva em parceria acerta ao inserir temas sociais em uma narrativa popular — e ao mesmo tempo leve. Conforme a própria equipe alertou, “mostrar certas mazelas sociais” figura como ponto de partida da obra.
Nesse contexto, o trio central se destaca. Dira Paes como Lígia, matriarca que enfrenta doença e cria a filha sozinha; Sophie Charlotte como Gerluce, a segunda geração que busca mudar seu destino; e Alana Cabral como Joélly, a mais jovem que assume o protagonismo inicial ao lado das veteranas. Cada uma dessas atrizes imprime presença e personalidade, o que ajuda a sustentar o formato de “novelão” a que a trama se propõe — ainda que nem todos os trâmites dramáticos se mostrem igualmente bem‐resolvidos.
A atuação de Dira Paes transmite autoridade, fragilidade e verossimilhança até nas cenas mais dramáticas. Sophie Charlotte brilha especialmente em momentos de conflito moral, como já se apontou ao analisar a cena em que Gerluce chega com a filha grávida em um posto de saúde — “Agora me diz: você está vendendo algum homem com elas?” — frase que resume tensão social e familiar. Alana Cabral, por sua vez, assume com vigor o protagonismo jovem e equilibra leveza com seriedade, mostrando que a produção não mediu esforços para entregar um elenco bem calibrado.
Melhores momentos da estreia
- A gravidez na adolescência como motor da narrativa — tema forte e atual, reforçado desde o começo. Conforme o autor, a história “traz a vida de três gerações de mães solos”.
- A doença de Lígia, vivida por Dira Paes, que confere urgência ao enredo e permite explorar com densidade a fragilidade dos idosos.
- A atuação de Arlete Salles como Josefa, figura que encarna o etarismo e o cuidado em família — uma camada rara em novelas de grande público.
- O momento em que Gerluce confronta o motorista de aplicativo — “Favela sim! Lugar de gente honesta e trabalhadora” — cena que resume ambição social e direção segura.
- A ambientação urbana e direção de Luiz Henrique Rios: a São Paulo das ruas, dos panos de fundo e das comunidades não aparece apenas como cenário, mas como personagem.
Fonte OFuxico